A cinquentona
A cinquentona Bárbara Sanco 03.01.2023 O desejo de criança era ser mágica. O espiritual, o místico, o transcendental, o imponderável, o fantástico cedo me atraíram. Sempre quis ser mais do que o corpo permite, elevar-me, expandir-me, conectar-me ao todo, voltar para casa naquele pequeno e desconhecido anel de Saturno. Mora em mim uma insatisfação por fazer mais, por ser melhor, uma sede de alçar plenitudes. O hálito divino está na carne, é metal contra as nuvens, rock do bom, é louvor, é sopro quente na nuca do amor e o pulso ainda pulsa aos cinquenta que parecem quinhentos. Vivi tanto e até morri às vezes, mas respirava profundamente ao terceiro minuto. Pequei por amar demais e ainda choro lembrando da forja que marcou o osso e a alma. Tive filhos, ah filhos, milagres de aprendizado infinito, amor incondicional e hoje orgulho imenso daqueles que são meus mais belos poemas. Continuo plantando árvores e escrevendo livros. A missão por aqui ainda não terminou. Quero trocar a roupa e viv